Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Os aprendizes e a Escola por Milton Lodi

Habitualmente aos sábados e domingos, os Jockeys Clubs do Rio e de São Paulo promovem pela televisão um programa de informações e palpites para os programas daqueles dias. O do Rio leva 45 minutos, e o de São Paulo, mais completo e com informações até do exterior e, ainda, recebendo contatos de telespectadores. Tem 1 hora de duração. Foi em um desses programas que uma telespectadora se manifestou, chamando de “machista” a Comissão de Corridas por ter ela diminuído de 2 para 1Kg a descarga das joquetas. Alguns minutos depois, um conhecido proprietário de cavalos se manifestou, dizendo que só no Brasil há essa anomalia das mulheres levarem vantagem de peso dos homens.
Muitos aspectos desse assunto suscitam diversos enfoques. Em todas as atividades hípicas, sejam corridas, saltos, adestramentos, a disputa é sempre entendida entre os animais, e homens e mulheres, isto é, jóqueis e joquetas, correm de igual para igual, de acordo com as suas qualidades e técnicas. Só no Brasil há essa diferença nos pesos, inventada em função promocional. Os 2Kg de diferença eram demasiados, e no meu entender, a ser mantida uma vantagem de 1Kg para as mulheres, ela só deveria haver depois da fase de aprendizado, isto é, como aprendiz zero de vantagem e quem sabe 1Kg para as joquetas a título promocional, e olhe lá. Está na memória de todos, a enorme vantagem que levava a joqueta carioca Marcelle Martins, 6Kg quando aprendiz de 4ª, chegando a levá-la, como aprendiz, a ganhar até 4 páreos em um só programa de corridas, montando em quase todos os páreos, e chegando até ao topo da estatística geral dos jóqueis, e chegou à realidade, agora só levando 2Kg ou 1Kg, chegou ao seu devido lugar, o de uma boa joqueta, mas longe das altas esperas, passando a lutar, como a maioria dos jóqueis que não os astros, para ganhar um ou outro páreo. A minha opinião, como simples turfista, é de que, se é para dar alguma vantagem para as mulheres a título publicitário, só 1Kg e só depois de passar de aprendiz a joqueta. E quanto às categorias de aprendizes, 4Kg para os de 4ª (de zero a 5 vitórias), de 3ª de 6 a 20 vitórias, de 2ª de 21 a 45 vitórias e de 1ª de 36 a 50 vitórias, isso a contar da primeira corrida, com prazo limite de 2 anos a partir daí como aprendiz. Quem em 2 anos de atividades não consegue 50 vitórias, mesmo levando as vantagens de peso, ou passa a jóquei, a redeador ou muda de profissão, pois a Escola de Jóqueis, mais conhecida como Escola de Aprendizes, dá estudos, casa, comida, professores, instrutores, amparo médico inclusive com controle de alimentação, enfim, coloca à disposição dos aprendizes uma assistência muito especial. E, os meninos têm que corresponder, isto é, têm que estudar sob pena de, não obtendo notas satisfatórias nos estudos, serem suspensos. O Jockey Club Brasileiro dá o que pode, mas além da técnica de montar, os meninos têm que aprender a serem homens de bem, com um possível padrão de instrução. A Escola de Jóqueis é, antes e mais nada, uma escola de formação de caráter e de profissão. Aqueles que não quiserem estudar, não são obrigados a ficar na Escola de Jóqueis gozando das vantagens, que além de gratuitas, são importantíssimas para a formação de meninos em bons homens e profissionais competentes. Para não se enquadrar nas normas e regulamentos, basta desligar-se espontaneamente da Escola, solicitar matrícula no Jockey Club Brasileiro ou em outro clube promotor de corridas e, passar a pagar do próprio bolso as suas despesas. Aluno da Escola tem que estudar, e se não alcançar, pelo menos, as notas mínimas determinadas, tem que ser impedido de montar até que se enquadre na realidade. Eu sei que não é fácil para um menino que apesar de ainda inculto e despreparado para a vida, mas que por seus pendores técnicos já está ganhando dinheiro na profissão, ter que se submeter aos ditames da Escola. Mas não há o que discutir em relevar deslizes regulamentares. Ou o menino se enquadra, estuda e tira notas adequadas, ou fica suspenso, impedido pela Escola da assinatura de compromissos de montaria, pelo prazo que for entendido como conveniente. Só assim, com o rigor de um bom colégio, é que os meninos-aprendizes podem se transformar em homens-jóqueis. A responsabilidade do Jockey Club Brasileiro e de outras eventuais Escolas de Jóqueis, é maior do que se pensa. Há uma obrigatoriedade de formar bons cidadãos e competentes jóqueis, e o dinheiro do clube nesse setor, assim como em todos os outros, tem que ser bem aplicado. Um menino ignorante e deseducado, vamos dizer assim, tem oportunidade ímpar de preparar-se para a profissão, mas não basta montar bem, a Escola de Jóqueis não é um simples curso profissionalizante, é um colégio instrutivo, educativo, formador de bons cidadãos, e que também custeia aqueles que podem vir a serem bons profissionais. A Escola tem que agir com rigor, quem por ignorância ou burrice não aceita os seus ditames, tem que ser impedido de montar e quem não estiver satisfeito que saia da Escola espontaneamente. A Escola não é uma prisão, mas tem regras e normas que têm que ser respeitadas. Um dia, aqueles jóqueis que se formaram pela Escola, certamente, vão agradecer o rigor a que tiveram que se submeter.

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